Apesar de tentar chamar a atenção do usuário da língua portuguesa para a realidade dos usos dos pronomes, os autores
insistem em usa a expressão mistura de tratamento e em associá-la à
"linguagem coloquial". Além disso, os IP de 2ª pessoa mais usados
(tu e você) são indicadores de muita intimidade entre os
interlocutores ou, no mínimo, de informalidade de tratamento (caso de
você). Ora, se assim é, fica incoerente distinguir uma "linguagem
formal" de uma "linguagem coloquial" quando o assunto é a
interlocução entre pessoas íntimas.
Ainda nesse exemplo, observe-se essa orientação:
Devemos empregar tu ou você? tanto faz. As duas formas
são válidas. Embora muitas pessoas atualmente empreguem você para se
dirigir ao interlocutor, em algumas cidades e Estados brasileiros
predomina o emprego do pronome reto tu. Também é comum haver a
mistura das duas formas de tratamento, como, por exemplo,na frase:
'Não te convidei porque você não poderia ir'. Se,
no entanto, o locutor pretende usar a língua de acordo com a
variedade padrão, deve optar por uma das formas de tratamento: 'Não
te convidei porque tu não poderias ir' ou 'Não o convidei porque
você não poderia ir'. (Cereja e Magalhães,2005,5:189). Aqui
novamente cabe perguntar: quem é que se refere a seu interlocutor
usando tu ou você "variedade padrão", se tais pronomes indicam o
grau máximo de intimidade e de informalidade? A probabilidade de
ocorrência das opções oferecidas pelos autores é baixíssima: a
primeira ("Não te convidei porque tu não poderias ir")
caracteriza variedades regionais (do sul, por exemplo) pode até
ser ouvida eventualmente; a segunda, no entanto ("não convidei
porque você não poderia ir"), só mesmo numa linguagem extremamente
artificial, no mínimo jocosa e, sobretudo, nada brasileira.
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