FIQUEM
ATENTOS MAIS UMA PEGADINHA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Quando entramos no terreno das sentenças
subordinadas adjetivas, todo cuidado é pouco - estamos numa área pantanosa, num
solo instável e movediço. Nesse pântano estão afundando, talvez para sempre,
várias regras gramaticais da nossa língua. As sentenças adjetivas (também
chamadas relativas nos estudos linguísticos) representam uma estratégia de encaixamento sintático.
EX: Meu tio Jonh é
americano
Meu tio Jonh não fala português
Meu Tio Jonh que é
americano não fala português.
Por representar uma estrutura de encaixamento, a sentença
adjetiva também é uma estratégia de síntese numa língua
predominantemente analítica. Nessa síntese, a palavra que desempenha dois papéis:
retorna anaforicamente o sujeito da sentença matriz e serve de transpositor,
recategorizando a sentença encaixada como um adjetivo. Ora, as sentenças
adjetivas - em diversas línguas românicas, línguas analíticas por excelência - têm
sofrido um processo de desmonte: a palavra que se despronominalizou,
perdeu sua função anafórica, e se transformou em mero conector entre
duas sentenças independentes. A função anafórica (não é adjetiva) passa
a ser exercida por pronomes de não-pessoa:
EX: EU TENHO UM
CONHECIDO, ALIÁS, UM AMIGO COMUM NOSSO QUE ELE É ESPECIALISTA EM
COMIDA INTERNACIONAL.
Entre em contato com a Professora Juliana Gouvêa e fique por dentro das pegadinhas da língua portuguesa!