Não despreze questões que considere simples.
A ESCOLHA ORTOGRÁFICA PELO MAL. NÃO CONSIDERE SÓ O DICIONÁRIO, LEMBRE-SE QUE A GRAFIA TAMBÉM
ENVOLVE O CONTEXTO LINGUÍSTICO.
Evolução das palavras ajuda a explicar diferenças de grafia
entre "mal" e "mau".
Por Mário Eduardo Viaro.
Para muitos, certas regras ortográficas parecem caprichos
sem sentido. Por que escrevemos "Ele toca mal guitarra" e dizemos que
"Ele é muito mau"? Apressa-se com uma regrinha quem aprecia as
gramáticas: escreve-se "mal" quando temos um advérbio e
"mau" quando for um adjetivo. Embora isso não seja explicação,
deduzimos dessa regra que "mal" é o oposto de "bem",
enquanto "mau" é o contrário de "bom".
AS QUESTÕES APARENTEMENTE SIMPLES TAMBÉM NECESSITAM DE UMA
BOA INTERPRETAÇÃO LINGUÍSTICA.
Substituindo as palavras por seus antônimos, também teríamos
(como daria um linguística gerativo-transformacional) uma "frase bem
formada". Não dizemos "Ele toca bom guitarra" nem "Ele é
muito bem". Como justificar a desconfortável homofonia entre
"mal" e "mau", que causa erros de ortografia, se num
paradigma estão "mal/bem" e noutro "mau/bom"?
Do ponto de vista etimológico e geolinguístico, a homofonia
é uma ilusão, pois ocorre só nas variantes do português moderno que não
pronunciam mais o -l em final de sílaba como uma consoante lateral.
No Brasil, a maioria dos falantes usa, nesse contexto, uma
semivogal (esse fenômeno diacronicamente se chama "vocalização").
Ao contrário, em Portugal, exceto em dialetos pouco
difundidos, o -l final ainda soa como consoante.
Obviamente, não é a consoante dental do espanhol ou do
alemão, mas tem uma projeção coarticulátoria velarizada que faz lembrar do
inglês e do russo. O som, tanto no inglês americano quanto na pronúncia padrão
portuguesa, tende a invadir ambientes mais amplos (como no início de sílaba).
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