A oralidade é positiva quando estudamos as teorias
linguísticas voltadas para a contemporaneidade tendo a seguinte
função: mostrar que as palavras navegam pela nebulosa da língua
sem respeitar fronteiras rígidas, sem se encaixar de uma vez
por todas nessa ou naquela classe. E que as classes gramaticais
não são compartimentos fechados mas, sim, domínios conceituais
como centro mais definido e bordas extremamente fluídas, por
onde as palavras podem entrar e sair sem dificuldade (linguagem
figurada). Podemos observar na obra de MEIRELES C.
Veja como a autora tem a capacidade de brincar com as
palavras dando vida, movimento na hora de interpreta-lás.
Aí, palavras, aí, palavras
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida.
principia a vossa porta:
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
aí! Com letras se elabora...
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova
Aguilar, 1985(fragmento).
OBS: Palavras não são conceituadas, apenas usadas e
aplicadas de acordo com o contexto (no sentido metafórico).
Fiquem atentos aos novos posts do blog da Professora Juliana Gouvêa!